A primeira NRF a gente nunca esquece. Para quem não conhece, a NRF é o maior evento de varejo do mundo, que acontece anualmente e reúne mais de 40 mil participantes em New York. Os números deste ano foram: 18 mil varejistas, 800 expositores, 400 palestrantes, 200 palestras e 99 países participantes. Interessante notar que o Brasil é a maior delegação estrangeira da feira; tanto é, que algumas placas estão escritas em inglês e português. Tive o privilégio de participar do evento com a assessoria do Grupo BTR-Varese, que já tem mais de uma década de experiência e prestígio no evento. Ir com o grupo ajudou a otimizar meu aproveitamento, seja na curadoria das palestras, nos estandes ou no networking de qualidade espetacular. Já aproveito para agradecer pelo apoio do time BTR-Varese e pela qualidade da curadoria meticulosa.
Apresentações feitas, vamos aos meus takeaways:
1- Inteligência Artificial para o Empoderamento das Pontas Uma das sessões mais inspiradoras para mim foi, sem dúvida, a de Kevin Johnson, atual CEO da Starbucks. Kevin falou sobre a estratégia da Starbucks, que acredita no uso da AI para empoderar seus colaboradores nas lojas, para que eles possam interagir com os clientes de forma mais inteligente e humana. Assim, através da sua tecnologia de AI chamada Blue Brew, os trabalhos repetitivos são reduzidos e sobra mais tempo para sua força de trabalho executar o propósito da marca, que é criar conexão com os clientes nas unidades da Starbucks. Kevin mencionou que no futuro será possível o atendente fazer o pedido usando voz, permitindo que a conexão olho no olho com o cliente seja mantida, garantindo assim um melhor atendimento.
2- Da ideia para a ação em 100 dias Ainda aproveitando os ensinamentos de Kevin Johnson, bacana ver como uma empresa do porte da Starbucks, com mais de 31 mil estabelecimentos no mundo, leva a sério a inovação e metodologias ágeis. Na palestra, Kevin falou um pouco do programa interno “from idea to action in 100 days”, que é a ideia de se testar rapidamente um conceito, colocá-lo em prova, escalar quando o resultado for positivo ou abortar e aprender quando se perceber que a ideia não é boa. A mesma abordagem foi apresentada em um evento fechado da Amazon para o grupo BTR-Varese, O palestrante falou o que eles aprenderam com o Amazon Fire Phone, que foi um fracasso total de vendas, mas que levou a tecnologias que possibilitaram a Alexa, seu assistente de voz.
3- Frictionless UX – Da Web -> Mobile -> Voz O VP de meios de pagamentos da Amazon, Patrick Gauthier, fez uma excelente apresentação sobre interfaces, mostrando como fomos da Web, para o Mobile e agora para a Voz. Como coloca Patrick, nada mais natural do que usar a voz para conseguir algo, que é a maneira mais simples de interação. Para tornar mais palpável o conceito, o palco foi dividido com Matthew Bakal, Co-Fundador e Chairman da Atom Tickets, empresa que viabiliza a compra de ingressos de cinema usando a Alexa, da Amazon. No futuro próximo, a empresa de Bakal promete simplificar ao máximo a experiência de compra, já usando seu padrão de gostos. Algo como: “Alexa, quero ver Mulher Maravilha”. E a resposta ser: “que tal no shopping JK, sábado, às 19:30, na fileira H5?” Eu adoraria ver essa tecnologia funcionando para a compra de passagens aéreas.
4- Computer Vision – Modelo Amazon Go Eis que fui conhecer a tão falada Amazon Go, a loja física da Amazon que não tem checkout. A Amazon Go usa uma técnica de AI chamada Visão Computacional para reconhecer que itens foram pegos pelo cliente, e os debita diretamente da sua conta quando você sai da loja. Veja esse vídeo para saber um pouco mais de detalhes – link. Confesso que a experiência na loja não é tão legal quanto no vídeo. Achava que quando eu pegasse um item, no mesmo momento o aplicativo da Amazon Go no meu iPhone já mostraria minha cesta de compras, meu total, e até dicas do produto e sugestões de itens relacionados. Mas a verdade é que os itens só ficam disponíveis no App quando você sai da loja, no meu caso, uns 30 minutos depois. Nem por isso a experiência não é legal. Mas a sensação é um pouco estranha: pegar um item e sair da loja sem passar por um caixa. Parece até que você está roubando algo. Acredito que a utilização das técnicas de visão computacional estão apenas iniciando, muita coisa interessante ainda vem por aí. PS: Não se preocupem, meu Nutella & Go de teste foi devidamente cobrado.
5- Tech Intensity com Satya Nadella Meu último takeaway foi inspirado no keynote de abertura do evento, Enabling Intelligent Retail, apresentado por Satya Nadella, atual CEO da Microsoft. É sempre inspirador ver grandes líderes no palco e Nadella não deixou nada a desejar. Com discurso afiado para o varejo, mostrou grandes cases da Microsoft na área e provocou sutilmente a plateia, dizendo que o varejo tem a demanda da humanidade nas mãos, mas parece fazer pouco uso dessa informação. Nadella apresentou uma equação conceitual que chamou a atenção do público:
Como mostra a equação, para uma maior Intensidade Tecnológica, é necessário velocidade na adoção e teste de novas tecnologias e, é claro, capacidade técnica de execução, o que casa bem com o posicionamento de Kevin Johnson, no tópico 2. Deixo aqui a provocação de Satya para vocês. E a sua empresa e/ou varejo? Como está de Tech Intensity?